Processo social e político ocorrido na França entre 1789 e 1799, cujas principais conseqüências foram a queda de Luís XVI, a abolição da monarquia e a proclamação da República, que poria fim ao Antigo Regime.
As causas determinantes de tal processo estavam na incapacidade das classes dominantes (nobreza, clero e burguesia) de enfrentar os problemas do Estado, a indecisão da monarquia, o excesso de impostos que pesava sobre os camponeses, o empobrecimento dos trabalhadores, a agitação intelectual estimulada pelo Século das Luzes e o exemplo da Guerra da Independência norte-americana.
A breve história de Leila Diniz foi como um terremoto a sacudir os usos e costumes da sociedade brasileira – especialmente nos anos 60, quando ela se transformou no maior ícone da liberdade feminina. O mundo ouvia rock”n”roll, o Brasil irradiava a bossa nova e Leila desafiava, enfrentava, estimulava e divertia os brasileiros com atitudes e simbolismo. Como atriz, tornou-se musa do embrionário cinema novo, movimento que propunha o rompimento dos padrões estéticos adotados até então – com base forte no modelo hollywoodiano.
No plano pessoal, desafiava regras que julgava impostas: era capaz de dizer palavrões em público, dar entrevistas em que revelava preferências sexuais ou trocar de namorado sem dar satisfações a ninguém. Em 1969, em entrevista ao jornal alternativo Pasquim, motivou a lei de censura prévia, apelidada de Decreto Leila Diniz, produzida pelo ministro da Justiça, Alfredo Buzaid. Nessa entrevista, ela a cada trecho falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: " Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo".
Por causa da entrevista que deu ao Pasquim, acabou sendo perseguida pela polícia política. Leila ficou escondida na casa do colega de trabalho e apresentador Flávio Cavalcanti.
Sua imagem mais célebre, de 1971, na qual posou grávida de biquíni, na praia carioca de Ipanema, tinha o ineditismo incômodo que levou-a a ser acusada por feministas de servir aos homens.
"Se tivesse vontade transaria com o motorista de táxi"(Leila Diniz)
"Não morreria por nada neste mundo, porque eu gosto realmente é de viver! Nem de amores eu morreria. Porque eu gosto realmente é de viver de amores" (Leila Diniz)
No nosso último jantar
sentamos à mesa e comemos em silêncio (o próprio).
Bebemos vinho e não brindamos.
Só se brinda quando existem planos.
Naquela noite, naquela mesa.
Nosso último jantar era a única certeza.
Alguém que porventura bisbilhotasse nossa janela,
veria talheres e copos flutuando sobre as velas.
No nosso último jantar
sentamos à mesa e comemos transparentes.
Alguém que por ventura bisbilhotasse nossa janela,
veria a comida sendo digerida dentro da gente.
No nosso último jantar
sentamos à mesa e carcomemo-nos.
Alguém que por ventura bisbilhotasse nossa janela,
nos veria por muito pouco tempo.
Beijos de língua inesperadamente virtuais.Cartas eletrônicas nuas desesperadas, cruas. Estávamos amando em estado de loucura. Mil torpedos, rituais de sedução, por fim a dança do acasalamento. Voz no ouvido, gestos perfeitos, línguas entre lábios inchados, dedos longe dos teclados dois remetentes gozados, remetendo suas cópias ocultas, distantes do computador, história de amor tão antiga,acontecendo em tempo real. Casais em clima de delete, só podia ser romance casual.
Amor. Bolinhas de sabão. O som de copos com água. O som das gotas no chão. Um sorriso tímido. A música por trás dos ruídos. Um coração encostado no outro. Um ou dois para sempres. Um avião nas mãos de um menino. Um barquinho de papel. Uma pipa atravessando as nuvens. Uma sementeira de tulipas. Um mingauzinho de aveia. Um par de meias listradas. Dois ou três cata-ventos. Uma palavra inventada.
Tem hora que é imprescindível chutar o balde. Tem hora que é fundamental deixar a verdade nua e crua vir à tona. Tem hora que você precisa dizer para sua namorada: eu te adoro, mas quero ficar sozinho hoje à noite, qual é o problema? O problema é que ela passa a te odiar. E você passa a achar que não tem vocação pra ser legal o tempo inteiro. E é verdade. Ninguém tem. É cansativo. Desgastante. Já somos legais à beça por tentar. Tem gente que nem isso.
Perguntou o discípulo: - Como nos tornamos sábios? O Mestre respondeu: - Com boas escolhas. - E como fazemos boas escolhas? - Com experiência!Acrescentou o Mestre. - E como adquirimos experiência?Voltou o discípulo. - Com más escolhas!Disse o Mestre...
Não somos mais Que uma gota de luz Uma estrela que cai Uma fagulha tão só Na idade do céu. (...) Não somos mais Que um punhado de mar Uma piada de Deus Um capricho do sol No jardim do céu...
A Idade do Céu (Jorge Drexler, versão: Paulinho Moska)
Alcançar o amor talvez exija mais renúncia do que alegria e felicidade.
Nem sei se a felicidade pessoal é compatível com o amor. Por que ligar felicidade ao amor?
O amor é sério demais para almejar a felicidade.
A felicidade está sempre ligada a alguma forma de inconseqüência.
A paixão sim faz a gente feliz. Só transar? Melhor ainda.
Assim como é preciso alguma crueldade para viver, assim como há sempre alguma agressão embrulhada em qualquer vitória, também a felicidade precisa de alguma inconseqüência.
O amor por si, é repleto de “trágicos deveres”.
Por isso o amor não está ligado à felicidade.
Os que assim a perseguem, deveriam desistir de amar.
O amor é um sentimento ligado à lucidez, à renúncia, à compreensões das contradições.
Amar é ser capaz de viver um sentimento que se misture fundo com a vida, se torne corriqueiro, mal percebido, sem grandeza, sem efeitos extraordinários, emoções particulares ou excitantes.
Aqui reside, pois, a complicações do amor.
Só se torna visível quando ameaçado acabar.
Só se o descobre quando se supõe nada mais sentir.
Está onde menos se espera.
É profundo, vital, doador, independente de exaltações.
Flui imperceptível, aparece ao sumir.
Pessoas que separam, mesmo livres uma da outra, sentem um vazio, uma perda, um sentimento de possibilidade perdida.
É preciso muito viver, muito desiludir-se, muito sentir, muito experimentar, muito perder, muito renunciar, para encontrar o próprio amor, guardado não se sabe em que dobra da gente, e muitas vezes nunca descoberto.
Morrer sem descobrir o próprio amor escondido é freqüente. E terrível.
O que estamos fazendo com o amor que está em nós e diariamente trocamos pelas emoções prazenteiras, pela felicidade inconseqüente, pelas alegrias passageiras?
Preciso de um amor visceral Cansei de curas superficiais, Band-Aid's coloridos E remédios que causam dormência Quero alguém que estanque a hemorragia Desligue calmamente os aparelhos E me tire desse estado de coma, nada, lugar nenhum.
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada na garganta.
domingo, 22 de junho de 2008
Caio Fernando Abreu Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.
Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.
Ouse, ouse... ouse tudo!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda ... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!
Uma linguagem que corte o fôlego. Rasante, talhante, cortante. Essa deve ser a linguagem do poeta. Uma linguagem de aços exatos, de relâmpagos afiados, de agudos incansáveis, de navalhas reluzentes. Uma dentadura que triture o eu-tu-ele-nós-vós-eles. Um vento de punhais que desonre as famílias, os templos, as bibliotecas, os cárceres, os bordéis, os colégios, os manicômios, as fábricas, as academias, os cartórios, as delegacias, os bancos, as amizades, as tabernas, a revolução, a caridade, a justiça, as crenças, os erros, a esperança, as verdades... a verdade!
Porque éramos amigos e, talvez, para juntar outros interesses aos muitos que nos obrigávamos, decidimos jogar jogos de inteligência. Pusemos um tabuleiro frente a nós, equitativo em peças, em valores e em possibilidades de movimentos. Aprendemos as regras, juramos respeitá-las, e a partida teve início. Eis-nos aqui, há um século sentados, meditando encarniçadamente em como dar a estocada última queaniquile inapelavelmente e para sempre... o outro!
Que existe mais, senão afirmar a multiplicidade do real? A igual probabilidade dos eventos impossíveis? A eterna troca de tudo em tudo? A única realidade absoluta? Seres se traduzem. Tudo pode ser metáfora de alguma outra coisa ou de coisa alguma. Tudo irremediavelmente metamorfose!
Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer "pelo menos não fui tolo" e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
Tem gente que se casa com a Musa visando preservá-la. Mas isso é um tremendo erro de cálculo. Casar-se com a Musa é desperdiçá-la para sempre. Musas não suportam algemas de ouro no dedo anular. É impossível formalizar a Paixão, prender o Amor, engaiolar o Desejo. Fazer um Contrato de Aventuras é uma contradição imperdoável. Enquanto a Musa pertence ao reino encantado da Poesia e do Romance, a esposa tem tudo a ver com prendas domésticas, geração da prole, bujão de gás e novela da Globo. Portanto, não queira nunca transformar a Musa em esposa. Umacoisanão tem nada a ver com a outra. E a recíproca também é verdadeira: o príncipe encantado, antes de virar sapo definitivamente, passa pelo estágio provisório de marido. É só uma questão de tempo.
O inverno é como a velhice. Tem sua beleza igualmente, exige lã, bolsa de água quente, termômetro e uma janela bem vedada. O que não queremos que entre? Maus presságios. O inverno é frio como despedida de um grande amor, mas sabemos que tudo voltará a ser ameno. Queremos que passe, temos medo que termine. Ficar sozinho volta a ser aterrorizante. O inverno é branco, é cinza, é prata. É grisalho. E, de repente, também passa.