“Entre o sono e o sonho, entre mim e o que em mim é o quem eu me suponho, corre um rio sem fim”. Fernando Pessoa, inspirado poeta, leitor sensível da alma humana, pode traduzir com sutileza o desafio de cada existência. Onde se dará nosso despertar de compreensão?
Vamos de crises em crises aprendendo aos tropeços, sofrendo de ansiedade, estresse e cansaço. É preciso compreender que não é a crise que nos encontra, somos nós que a produzimos. Isso se dá porque não fluímos bem nos movimentos da mudança, nesse rio sem fim a que costumamos chamar vida.
A mudança é o ritmo no qual o mundo caminha e só há um jeito de se dar bem com ela, aprendendo a mudar também. O maior paradoxo, a contradição mais coerente da mudança, é que é preciso mudar para ser quem se é. É preciso deixar de ser quem não somos, de fazer o que não queremos e viver o que não gostamos. Se olharmos atentamente nossa realidade, vamos perceber que muitas coisas em nosso dia a dia se encaixam nessa definição que é contrária à nossa natureza.
É urgente nos armarmos de coragem e irmos à busca de nós mesmos. É prioritário definir o que vamos fazer com o tempo que nos foi dado. É fundamental acordarmos do sono ilusório da realidade para vivermos na prática o sonho que nos comove. A crise é apenas um sinal na estrada dizendo que é hora de rever o caminho. Vá em busca de si mesmo e não tenha medo dos desafios e das incertezas, pois as asas só aparecem quando o chão desaparece.
Nosso amor nem começa nem termina, fica assim cumprindo sina de querer e não querer. Nosso amor é um conto, uma novela, amor de bairro e de favela, primavera que já era, uma vontade de sonhar. Nosso amor vai entrar no carnaval, fazer mal não fazer mal, purpurina e não torpor. Nosso amor estão falando nas calçadas, nas lanchonetes, nas cantinas, pelos becos e esquinas. Nosso amor está nas ruas, está nos rios, está nos nossos desvarios, é um compromisso é um complô. Por isso nosso amor fica assim cumprindo sina de querer e não querer.
"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca."
( Dom Casmurro, Machado de Assis, cap. 32 )
Não sei como dizer isso: estou grávido de você. Talvez não descubra. Talvez nunca o veja. Mas o filho é seu. Em meu ventre. Ventre de homem que se esconde como uma pedra de rio. Nosso filho abrirá minha carne como um punhal verde e me fará buscar seus traços mais do que os meus. Daquela noite, fiquei grávido. Não nos falamos. O milagre de multiplicar sua ausência. Tive medo de sua reação e recusei contar. Não queria que permanecesse comigo pela criança. Não queria uma esmola e caridade. Não, se eu não fui grande o suficiente para ser seu amor, não aceito ser motivo menor de compaixão. Que me esqueça, não me recorde para fazer um favor. Não vivemos de favor, vivemos para pagar tudo o que imaginamos em silêncio.
Estou grávido de você. Mal contenho a expectativa de abraçar a criança como alguém que põe o casaco na cabeça para fugir da chuva. Ela chuta cada vez mais forte. Não pensava que minha pele fosse elástica o suficiente. Posso sentir os dedos dos pés se formando em cada golpe. Divido o meu prato, os meus dentes, os meus ossos com ela.
É esquisito descobrir que os homens também engravidam. Quantos geram seus filhos sozinhos, criam seus filhos sozinhos, seus filhos invisíveis que nascem da insistência de uma lembrança? Estou grávido de você. No futuro, talvez contarei a ele quem é sua mãe. Não hoje. Não me peça que seja hoje. Por enquanto, guardo o segredo com o zelo dos avós.
Não duvido que conclua que não é seu, e diga que é de outra mulher. Mais fácil deduzir que a engano. É mais confortável não se interessar, não mudar o turno do trabalho, não alterar as festas e as expectativas. Num parque, daqui a um tempo, observará uma criança loira rindo no vaivém do balanço e lembrará nitidamente de sua fome de ser empurrada alto. A mesma cova ao lado dos lábios. A desconfiança irá se sentar devagar. Perceberá que é seu filho e seguirá sua vida tentando negá-lo. Acredito no seu talento em me negar, porém faltará força para negá-lo. Negar aquela noite. O tremor das pernas caminhando paradas. O tremor dos braços nadando parados. A boca subindo e engolindo os próprios olhos. Tínhamos que repartir aquela noite com alguém e o filho desceu no desejo.
O rosto dos filhos puxam nossas carências. Nosso filho será a carência de você. É minha principal virtude, depender de você. Não tenho pressa, deixo que a luz abra minhas cartas. A cola seca e se desfaz em nove meses. Os amigos dirão que enlouqueci, não vão reparar na minha mão ocupada em levar a criança para a escola. Não há importância. Estou grávido de você. O filho existe em mim, existirá fora de mim, o filho imaginário que surge de uma perda, que se molda de uma incompreensão.
Sou pai de minhas dores. Sou pai alegre de minhas dores. Prometo cuidar do pequeno como cuidaria de você se permanecêssemos juntos depois daquela noite.
Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito. O vento da vida pôs-te ali. A princípio não te vi: não soube que ias comigo, até que as tuas raízes atravessaram o meu peito, se uniram aos fios do meu sangue, falaram pela minha boca, floresceram comigo.
Após de dois anos de existência, o nosso blog está em festa. Fomos agraciados com o PRÊMIO DARDOS, concedido pelo também blogueiro e lapidador de palavras João Carlos Freitas (http://joaocarlosfreitas.blogspot.com/). João, muito nos honrou e nos orgulhou esse reconhecimento. Ficam aqui os nossos agradecimentos. Valeu!
Primeiro, é importante saber que: "Com o PRÊMIO DARDOS se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os bloqueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web".
- Depois, siga, por favor, essas instruções:
1) Você deve exibir a imagem do selo em seu blog;
2) Você deve linkar o blog pelo qual você recebeu a indicação;
3) Escolher outros 15 blogs a quem entregar o Prêmio Dardos;
O presente de Natal que eu quero te dar não pode ser comprado: Não tem nas lojas, nos mercados, nas feirinhas, nos balcões... Não é feito de plástico, não é eletrônico, nem precisa de manual. O presente de natal que eu quero te dar está dentro do teu próprio coração. Basta que você o desperte para a vida: É o amor pela liberdade absoluta. É a admiração extrema pela Arte de Viver. A defesa inabalável da idéia de justiça, de verdade e de prazer. A coragem deliciosa de sonhar transformações. A busca cotidiana por tudo que é sublime, e o doce desejo de sugar o açúcar de todas as coisas.
A adolescência é como o verão. Quente, petulante, libidinosa. Parece que não vai haver tempo para fazer tudo o que se quer e o que se teme. É musical e fotogênica. Dúvidas, dúvidas, dúvidas em frente ao mar. Mergulha-se no profundo e no raso. Pouca roupa, pouca bagagem. Curiosidade. Vontade que dure para sempre, certeza de que passa. Noção do corpo. Festas e religião. Amor e fé.