Aconselhável vadiar pelas praças, respirar o cheiro de pipoca das esquinas, olhar vitrinas, acreditar em Deus, sorrir para desconhecidos. Aconselhável dançar valsa e rock and roll, andar de bicicleta, pular corda, procurar ovnis no céu, alimentar cachorros vagabundos.
quarta-feira, 9 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
Inês Pedrosa in Os íntimos
O que sei das mulheres, meus amigos, é isto: elas são muita gente ao mesmo tempo. Como se trouxessem todas as variedades de vida dentro dos seus corpos. Elas são feiticeiras e anjos e putas. E homens, também. Todavia, são capazes de destapar o céu e agradecer. Nós não sabemos fazer nenhuma destas duas coisas. Pessoalmente, a ideia de destapar o céu enche-me de frio. Nunca aguentei sequer uma corrente de ar.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Edson Marques
Tem uma pergunta que faço a todo lugar onde vou:
Aqui se pode sonhar ?
Se a resposta for sim, eu fico.
Se for não - caio fora.
Na hora !
Aqui se pode sonhar ?
Se a resposta for sim, eu fico.
Se for não - caio fora.
Na hora !
quarta-feira, 2 de março de 2011
Martha Medeiros
Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos.
terça-feira, 1 de março de 2011
Lacan
Amar é dar o que não se tem. Ou seja: o amor é o encontro de dois saberes inconscientes. Amar é dar o que não se tem a quem não o é, isto é, ama-se um ser para além do que ele parece ser. O amor é dar o que não se tem, e só se pode amar fazendo-se como se não se tivesse, mesmo que se tenha. O amor como resposta implica o domínio do não ter. Dar o que se tem é o engodo; não é o amor. O que se busca ao amor é a parte para sempre perdida de si mesmo, constituída pelo fato de que ele não passa de um vivente sexual, mortal.
José Luis Peixoto
A memória dela a olhar-me. O seu rosto tão bonito da primeira vez que o vira. Dentro de mim, carregava o primeiro lugar em que a vira. Para sempre, carregaria dentro de mim o primeiro lugar em que a vira. A escuridão obsidiante a repetir-se a si própria vezes e vezes. Um espelho de escuridão a reflectir apenas escuridão em todas as direcções. A ausência dela a ser tudo o que não existia. Tudo o que existia era ela não existir. Eu, com a voz do meu pensamento, perguntava onde estás, amor? Perdido, abandonado, perguntava, onde estás, amor? Perguntava ao vazio, à ausência, e o vazio, a ausência, não me respondiam. Os meus olhos abriram-se. Sentia a minha mão a tremer. A noite polia o luto no ar do quarto. Sentia a minha mão a tremer.
Assinar:
Comentários (Atom)






