domingo, 8 de maio de 2011

Fernanda Mello

Hoje acordei inteira.
Migalhas?
Pedaços?
Não, obrigada.
Não gosto de nada que seja metade.
Não gosto de meio termo.
Gosto dos extremos.
Gosto do frio.
Gosto do quente
(depende do momento.)
Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo.
Não gosto do morno.
Não gosto de temperatura-ambiente.
Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada.
Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu.
Não sei sentir em doses homeopáticas.
Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro.
Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás.
Sempre dei a cara à tapa.
Sempre preferi o certo ao duvidoso.
Quero que se alguém estiver comigo, que esteja.
Mesmo que seja só naquele momento.
Mesmo que mude de idéia no dia seguinte.


Álvaro de Campos

Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.

Viviane Mosé


A felicidade é um ideal que a gente constrói e nunca pode ser atingido. O que você tem que buscar no relacionamento é alegria, que não exige nada, é apenas um estado de vibração e abertura para a vida... Se você tem um plano que vai ser feliz em um dia que nunca chega, perde o momento que é uma mistura de tudo isso - alegria, dor, vibração, tesão... a vida é um kit completo! Ninguém atinge um momento de perfeição. Tem mosquito no paraíso, enjôo no transatlântico, não existe ausência de movimento.... (e a felicidade é ausência de movimento!).

sexta-feira, 6 de maio de 2011


“Construi minha espera com sua coleção de quase.” Afirmou choroso seu Vitorino a Dona Clarinda, enquanto esperava o próximo amor. Ela esboçou um arrependimento e um abraço, mas ficou no quase...

quinta-feira, 5 de maio de 2011


Paulo Coelho


Entre a França e a Espanha existe uma cadeia de montanhas.
Nesta cadeia de montanhas existe uma aldeia chamada Argeles-Gazost.
Nesta aldeia, existe uma ladeira que leva até o vale.
Todas as tardes, um velho passeia por ali.
Quando fui a Argeles a primeira vez, não reparei.
Da segunda vez, vi que sempre cruzava comigo.
E cada vez que eu visitava aquela aldeia, reparava em mais detalhes – a roupa, a boina, a bengala, os óculos.
Uma única vez conversei com ele. Querendo brincar, perguntei:
“Será que Deus vive nestas lindas montanhas a nossa volta?”
“Deus vive nos lugares onde deixam Ele entrar”, foi a resposta.