terça-feira, 11 de outubro de 2011

José Luís Peixoto

Não há motivo para te importunar a meio da noite, como não há leite no frigorífico, nem um limite traçado para a solidão doméstica. Tudo desaparece. Nada desaparece. Tudo desaparece antes de ser dito e tu queres dormir descansada. Tens direito a um subsídio de paz. Se eu escrever um poema, esse não é motivo para te importunar. Eu escrevo muitos poemas e tu trabalhas de manhã cedo. Toda a gente sabe que a noite é longa. Não tenho o direito de telefonar para te dizer isso, apesar dessa evidência me matar agora. E morro, mas não morro. Se morresse, perguntavas: porque não me telefonaste? Se telefonasse, perguntavas: sabes que horas são? Ou não atendias. E eu ficava aqui. Com a noite ainda mais comprida, com a insônia, com as palavras a despegarem-se dos pesadelos.

Priscila Rôde


Aos trancos e assombros
Salvaram-se só os desencontros,
Um feixe de adeus renunciando
Chegadas e o tempo – saudade
Na sala, à espera do sempre.
Há muita falha na intuição
Desenrolada no presente.
Desaprendendo o caminho
Dos dias seguintes.
A eternidade
Não entende de demoras
Quando o amor é palavra
Antes de ser agora,
Antes de ser sentimento.

domingo, 9 de outubro de 2011

Tati Bernardi


E que você sinta vontade de precisar de mim. Mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo, que não veja e nem sinta as horas passando quando estiver ao meu lado, e que nunca seja o suficiente o tempo que passarmos juntos, que você sempre sinta vontade de mais, mais e mais.

Renata Fagundes

Amarre minha alma a sua - em perfeita comunhão.
Aperte o nó do seu corpo ao meu - no êxtase da paixão.
Acorrente seus braços a mim  - marcando minha pele com suas mãos.
Amordace minha boca - antecedendo os delírios que virão
Ata-me com minha total permissão.

Mário Quintana


Quero todo o teu espaço, e todo o teu tempo.
Quero todas as tuas horas e todos os teus beijos. 
Quero toda a tua noite e todo o teu silêncio.