quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Débora Paixão


Quando você passar por mim da próxima vez, será como a primeira. Não existem reencontros. Todo encontro por mais que seja lembrado, foi passado e o presente vale mais a pena. Não quero te ver com os mesmos olhos, nem quero que os mesmos olhos me vejam. Quero o novo a todo instante, o eterno encantamento. Quero te sentir  antes mesmo que me toque, seu calor, sua energia. Quero a química misteriosamente indestrutível. Quero te dizer todo meu silêncio, durante um beijo, durante um olhar, durante um suspiro. Quero te ter como nunca tive, como nunca foi, como será.

Eça de Queiroz

...É que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois...Seria, pois, necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir?

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Villy Fomin


Onde há Amor, o silêncio não constrange, o erro não define, a falência não é acusadora, a falha é perdoada, o abraço é essencial, a distância é dolorida, os sonhos são repartidos, as alegrias multiplicadas, as dores divididas, pequenos gestos são grandes memoriais e assim vida ganha sentido.

Ana Jácomo


É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado.
É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário do de vez em quando.
Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado.
Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja.
Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na plateia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro.
Difícil é amar quem não está se amando.
Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.