sexta-feira, 31 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
Heitor Villa Lobos
Amir Klink
Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver...
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Dia do Amigo
Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um (e às vezes ele pode ter até 4 patas), amém.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Hamlet, Ato III, cena 1
Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz, ou pegar-me em armas contra o mar de angústias - e, combatendo-o, dar-lhe fim?Morrer; dormir; Só isso.E com sono - dizem - extinguir dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável.Morrer - dormir - dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da morte quando tivermos escapado ao tumulto vital nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão que dá à desventura uma vida tão longa.Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo, a afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do amor humilhado, as delongas da lei, a prepotência do mando e o achincalhe que o mérito paciente recebe dos inúteis, podendo ele próprio encontrar seu repouso com um simples punhal?Quem agüentaria fardos gemendo e suando numa vida servil, senão porque o terror de alguma coisa após a morte - o país não descoberto, de cujos confins não voltou jamais nenhum viajante - nos confunde a vontade, nos faz preferir e suportar os males que já temos, a fugirmos para outros que desconhecemos?E assim a reflexão faz todos nós covardes.E assim o matiz natural da decisão se transforma no doentio pálido do pensamento. E empreitadas de vigor e coragem, refletidas demais, saem de seu caminho, perdem o nome de ação.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Jussára C. Godinho
Martha Medeiros
Na era dos entusiasmos superficiais, ficou até cafona se falar em amor e demais palavras correlacionadas. Beijo no coração? Tenha piedade.
Da televisão, ele sumiu, evaporou. A Internet ele nunca chegou a freqüentar. Nas páginas de revista, faz tempo que não dá as caras. Foi trocado pela paixão instantânea e pelo sexo ocasional. Estou falando do amor, lembra dele? Pois é, foi escorraçado da mídia.
Hoje em dia, casais se unem por desejo, oportunidade ou conveniência. Todos querem se apaixonar amanhã e somar mais um nome ao seu currículo pessoal de aventuras, que se pretende vasto. Cultivar um amor para sempre? Nem pensar. O amor deixou de ser inspirador. Já deu os versos que tinha que dar. O amor demora muito para se estabelecer e depois dura demais. Quem tem paciência e tempo, hoje, para se dedicar a uma só pessoa? O amor faz sofrer, faz chorar, e, além disso, não rende matéria no Segundo Caderno, não é encontrado no Youtube. O amor está obsoleto, não se usa mais. Segue valorizado apenas no cinema e nos romances de ficção, através de autores que não desistem de investigar esse sentimento que é tão difícil de se concretizar da maneira como o idealizamos. Todo amor parece impossível, tanto nos livros como na vida real. E talvez esteja aí a razão da sua força e mistério e do medo que ele nos provoca.
O amor é muito mais exigente do que a paixão: ele pressupõe a reconstrução de duas vidas a partir de uma troca de olhares, que é como tudo geralmente começa. Enquanto a paixão se esgota em si mesma e não está interessada no amanhã, o amor é ambicioso, se pretende eterno, e para pavimentar essa eternidade não mede esforços. Duas pessoas que nunca se imaginaram juntas de repente atendem a um chamado interno do coração (desculpe o termo, não encontrei outro mais moderno) e investem nessa união de olhos abertos (a paixão é vivida de olhos fechados). O amor é uma loucura disfarçada de sanidade.
Não fosse uma loucura, o amor não seria o que é: lírico e profundo, rebelde e transformador. Amar é a transgressão maior. É quando rompemos com a nossa solidão para inaugurar uma vida compartilhada e inédita. Isso é ou não é uma doideira?
Mais ainda: poderíamos dizer que o amor é um processo de autodesconhecimento. Você nunca conviveu com a pessoa que começou a amar, portanto você precisa conhecê-la, e ela a você. Diante dessa página em branco, somos obrigados a nos passar a limpo, e para isso é preciso relativizar as certezas acumuladas até então e abrir-se para a formação de uma nova identidade. Passamos a ser recicláveis. O autoconhecimento nos dá respostas seguras sobre nós mesmos, mas segurança demais pode nos paralisar. O autodesconhecimento é que nos empurra pra frente.
Todos nós já tivemos a chance de amar. Alguns, uma única vez, mas a maioria de nós teve várias oportunidades, diversos amores. Amores curtos, mas inesquecíveis. Amores que terminaram, mas que geraram filhos. Amores que naufragaram, mas que nos amadureceram. Amores duradouros, que ainda não acabaram. Todos eles nos incentivando a continuar a tentar, porque de amar ninguém desiste.
O desprestígio do amor talvez venha da pressa de viver, da urgência dos dias, da necessidade de “aproveitarmos” cada instante: é como se o amor fosse um impedimento para o prazer. Francamente, o que se aproveita, de fato, quando não se sente coisa alguma? A resposta é: coisa alguma. Do que se conclui que o amor nunca será cafona, pois nada é mais revolucionário e poderoso do que o que a gente sente. Nada. Nem mesmo o que a gente pensa.
domingo, 12 de julho de 2009
JG de Araujo Jorge
E ela não vem...Aumenta-me a ansiedade:
Mas eis que ela aparece de repente!...
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Albert Camus
Caio Fernando Abreu
Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez
domingo, 28 de junho de 2009
Fernando Sabino
De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...
Roberto Crema
Osho
O Amor não deveria ser exigente, senão, ele perde as asas e não pode voar;
torna-se enraizado na terra e fica muito mundano.
Então ele é sensualidade e traz grande infelicidade e sofrimento.
O amor não deveria ser condicional, nada se deveria esperar dele.
Ele deveria estar presente, por estar presente,
e não por alguma recompensa, e não por algum resultado.
Se houver algum motivo nele, novamente seu amor não poderá se tornar o céu.
Ele está confinado ao motivo; o motivo se torna sua definição, sua fronteira.
Um amor não motivado não tem fronteiras:
É a fragrância do coração.
E o fato de não haver desejo de algum resultado não quer dizer que não haja resultados.
Há sim, e eles acontecem mil vezes mais,
porque tudo o que damos ao mundo retorna e ressoa.
O mundo é um lugar que faz eco.
Se atirarmos raiva voltará; se dermos amor, o amor voltará.
Mas, esse é um fenômeno natural, então precisamos pensar sobre ele.
Podemos confiar: isso acontece por si mesmo.
Esta é a lei do carma:
Tudo o que você semeia, você colhe;
tudo o que voce dá, você recebe.
Assim, não há necessidade de pensar a respeito, é automático.
Odeie, e será odiado;
Ame; e será amado.
Lygia Fagundes Telles
Estranho, sim. As pessoas ficam
desconfiadas, ambíguas diante
dos apaixonados. Aproximam-se
deles, dizem coisas amáveis,
mas guardam certa distância,
não invadem o casulo imantado
que envolve os amantes e
que pode explodir como um
terreno minado. Muita cautela
ao pisar nesse terreno. Com
sua disciplina indisciplinada,
os amantes são seres diferentes
e o ser diferente é excluído porque
vira desafio, ameaça. Se o amor
na sua doação absoluta
os faz mais frágeis,
ao mesmo tempo os protege como
uma armadura. Os apaixonados
voltaram ao jardim do paraíso,
provaram da árvore do conhecimento
e agora sabem...








