quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amor talhado na árvore. Ainda continuo contando as contas do conto...


Ninguém me fará calar, gritarei sempre
que se abafe um prazer, apontarei os desanimados,
negociarei em voz baixa com os conspiradores,
transmitirei recados que não se ousa dar nem receber,
serei, no circo, o palhaço,
serei, médico, faca de pão, remédio, toalha,
serei bonde, barco, loja de calçados, igreja, enxovia,
serei as coisas mais ordinárias e humanas, e também as excepcionais:
tudo depende da hora
e de certa inclinação feérica,
viva em mim qual um inseto.

Idade madura em olhos, receitas e pés, ela me invade
com sua maré de ciências afinal superadas.
Posso desprezar ou querer os institutos, as lendas,
descobri na pele certos sinais que aos vinte anos não via.
(Carlos Drummond de Andrade)

 *******************************************************************************

Estranho, sim. As pessoas ficam desconfiadas, ambíguas diante dos apaixonados. Aproximam-se deles, dizem coisas amáveis, mas guardam certa distância, não invadem o casulo imantado que envolve os amantes e que pode explodir como um terreno minado, muita cautela ao pisar nesse terreno. Com sua disciplina indisciplinada, os amantes são seres diferentes e o ser diferente é excluído porque vira desafio, ameaça. Se o amor na sua doação absoluta os faz mais frágeis, ao mesmo tempo os protege como uma armadura. Os apaixonados voltaram ao Jardim do Paraíso, provaram da Árvore do Conhecimento e agora sabem. (Lygia Fagundes Telles)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Fernanda Mello

Tudo com o que eu me importo, "me importa muito". Me suga, me leva, me atrai, se funde com tudo o que sou e me consome. Toda. Por inteiro. Sorte minha me doar tanto - e com tal intensidade - e ainda sair viva dessa vida.

Ermance Dufaux

A pior consequência da falta de autonomia é medir o valor pessoal pela avaliação que as pessoas fazem de nós. Por medo de rejeição, em muitas situações, agimos contra nossos sentimentos apenas para agradar o outro e sentirmo-nos incluídos, aceitos. Quando não amamos a nós mesmos, vivemos a mercê da influência dos palpites e reprimendas, creditando que a aprovação alheia é mais importante que a aprovação interior.

Daniele Steel

Todos buscamos aquela pessoa especial que é certa para nós. Mas quando já passamos por relacionamentos suficientes, começamos a desconfiar que não existe a pessoa certa, apenas gostamos das pessoas erradas. Por que é assim? Porque nós mesmos somos errados de algum modo, e buscamos parceiros errados de algum modo complementar. Mas é preciso muita vicência para crescer plenamente em nossa inadequação. Só quando nos vemos diante de nossos demônios mais profundos - nossos problemas insolúveis, os que nos tornam verdadeiramente o que somos - estamos prontos para encontrar o parceiro de toda a vida. Só então sabemos finalmente o que estamos procurando. Vivemos à procura da pessoa errada. Mas não apenas qualquer uma: a pessoa errada "certa" - alguém a quem olhamos com amor e pensamos: "Este é o problema que eu quero ter. Encontrarei essa pessoa especial que é errada para mim do jeito certo..."

Cris Carvalho

Mas como nesse terreno da vida o que vale é o que a gente planta nele, do nada, surge uma penca de girassóis e aponta um céu. Um céu de escolhas felizes e tão mais claras. Esses girassóis costumam chegar quando você menos espera. Mas você sabe o momento em que eles chegam pelo cheiro de carinho no ar. Cheiro de abraço de amigo, colo de mãe. Cheiro de bolo saindo do forno e passeio de domingo no parque. É nessas horas que você percebe que Deus não desiste nunca. E que ele sempre prepara surpresas risonhas pros nossos caminhos. Mas pra você recebê-las terá de ter um coração aberto e tranqüilo. Por isso, quando chegar a hora de dormir, não esqueça de acender a vela da fé, aquela que mora no coração e que acende a alma. A única vela que nos mostra o rumo.

Chacal

(...) de vez em quando
vem um vento bobo
e sopra: é preciso acreditar.
é preciso ter uma paciência revolucionária.
é preciso ter uma fé inquebrantável.
é preciso ter fantástica felicidade.

Arthur Golden

A dor é uma coisa muito esquisita; ficamos tão desamparados diante dela. É como uma janela que simplesmente se abre conforme seu próprio capricho. O aposento fica frio e nada podemos fazer senão tremer. Mas abre-se menos cada vez, e menos ainda. E um dia nos espantamos porque ela se foi.