domingo, 25 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Sophia de Mello Breyner Andresen
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Cecília Meireles
Minha primeira lágrima caiu dentro de teus olhos.
Tive medo de a enxugar: para não saberes que havia caído.
No dia seguinte, estavas imóvel, na tua forma definitiva,
Modelada pela noite, pelas estrelas, pelas minhas mãos.
Exalava-se de ti o mesmo frio do orvalho; a mesma claridade da lua.
Vi aquele dia levantar-se inutilmente para as tuas pálpebras,
E a voz dos pássaros e a das águas correr,
_ sem que a recolhessem teus ouvidos inertes.
Onde ficou teu outro corpo? Na parede? Nos móveis? No teto?
Inclinei-me sobre o teu rosto, absoluta, como um espelho,
E tristemente te procurava.
Mas também isso inútil, como tudo mais. (...)
Friedrich Nietzsche
E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio.” (...) – Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que responderias: “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!?”
Eduardo Galeano
Helena sonhou que queria fechar a mala e não conseguia, e fazia força com as duas mãos, e apoiava os joelhos sobre a mala, e não adiantava. A mala, que não se deixava fechar, transbordava coisas e mistérios.
José Luís Peixoto
Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
O ódio transforma-se em tempo,
O ódio transforma-se em tempo,
o amor transforma-se em tempo,
a dor transforma-se em tempo.
Os assuntos que julgamos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
Por si só, o tempo não é nada.
A idade de nada é nada.
A eternidade não existe.
No entanto, a eternidade existe.
Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
Os instantes do teu sorriso eram eternos.
Os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
Foste eterna até ao fim.
Os assuntos que julgamos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
Por si só, o tempo não é nada.
A idade de nada é nada.
A eternidade não existe.
No entanto, a eternidade existe.
Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
Os instantes do teu sorriso eram eternos.
Os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
Foste eterna até ao fim.
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