terça-feira, 22 de maio de 2012

Mário Quintana


Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões, não falaria em Deus nem no Pecado - muito menos no Anjo Rebelado e os encantos das suas seduções, não citaria santos e profetas: nada das suas celestiais promessas ou das suas terríveis maldições... Se eu fosse um padre eu citaria os poetas, rezaria seus versos, os mais belos, desses que desde a infância me embalaram e quem me dera que alguns fossem meus! Porque a poesia purifica a alma... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte - um belo poema sempre leva a Deus!

Aghata Paredes



E aí vai a receita pra se ter uma boa noite de descanso, e um dia de luta com êxito: amor no coração, sorriso no rosto, paz na alma, leveza no corpo e mente liberta de todo e qualquer peso de consciência.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Ana Jácomo


Tem gente que entra na nossa vida de forma providencial e se encaixa naquela história que gosto de imaginar: surpresas que Deus embrulha pra presente e nos envia no anonimato. Surpresas que só sabemos de onde vêm porque chegam com o cheiro Dele no papel.

Gregório de Matos


O Amor é finalmente
Um embaraço de pernas
Uma união de barrigas
Um breve temor de artérias.
Uma confusão de bocas
Uma batalha de veias,
Um rebuliço de ancas
Quem diz outra coisa, é besta.

Guilherme Antunes

(...) se são as palavras as memórias do Amor, então escrevo para lembrar do Amor em mim. Porque a poesia é um carinho no outro, uma gentileza guardada nos olhos do amante. E se não é o poeta o tradutor de silêncios e a poesia uma coleção de possíveis, quem sou eu? Sou homem a viver em cada uma das minhas linhas, mesmo que nelas jamais me encontrem; e me revelo pelo conjunto das minhas palavras, mesmo que em cada uma delas eu não possa ser revelado; pois vivo num reino que do meu saber se empresta pra confessar aquilo que ele mesmo é, ainda que em mim falte o que nele sobra: o infinito. A poesia vive atrás dos olhos, e que verdadeiramente nos toca quando sabemos ser as letras apenas o seu reflexo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pascal Bruckner in O Paradoxo amoroso


Eu ainda acredito no grande amor, ouvimos frequentemente. Mas é nas pessoas que se deve acreditar, vulneráveis, imperfeitas, não em uma abstração, ainda que admirável. Amar o amor em geral mais do que os próprios seres é deleitar-se com um ideal.

Luiz Felipe Pondé


A vida nos obriga a fazer escolhas terríveis, mas parece que agora decidimos que “tudo é bonito se dissermos que é bonito”. Como nos contos de fadas. Mentira: nossas escolhas são pautadas pelo útil, nossos atos são calculados, nossos afetos são estratégicos. E a moderna ciência do egoísmo encontra as fórmulas para fazer isso tudo bonito. E o contrário disso não é a felicidade, mas a maturidade. Adultos infantis não gostam disso. Preferem ser avatares de si mesmos num mundo sempre florido. A infantilização do mundo caminha a passos largos. Todos abraçam sua “mentira ética” como forma pessoal de marketing de comportamento. Como numa espécie de “lenda ética sobre si mesmo”, queremos projetar de nós mesmos uma imagem de doçura que, na calada da noite, traímos. É nessa mesma calada da noite que acordo e peço a Deus que me faça não ver os outros apenas como “uso”. Mas sempre fracasso. Não pensar nas pessoas apenas como objeto de uso é uma conquista dolorosa, como tirar leite de pedras.