de alma que quer ser corpo,
de criação que anseia ser criatura.
Tua mão contém a minha
de momento a momento:
é uma ave aflita meu pensamento
na tua mão.
Nada me dizes,
porém entra-me a carne a persuasão
de que teus dedos criam raízes
na minha mão.
Teu olhar abre os braços, de longe,
à forma inquieta de meu ser;
abre os braços e enlaça-me toda a alma.
Tem teu mórbido olhar penetrações supremas
e sinto, por senti-lo, tal prazer,
há nos meus poros tal palpitação,
que me vem a ilusão de que se vai abrir
todo meu corpo em poemas.