O pássaro com o espinho encravado no peito segue uma lei imutável; impelido por ela, não sabe o que é empalar-se, e morre cantando. No instante em que o espinho penetra não há consciência nele do morrer futuro; limita-se a cantar e canta até que não lhe sobra vida para emitir uma única nota. Mas nós, quando enfiamos os espinhos no peito, nós sabemos. Compreendemos. E assim mesmo o fazemos. Assim mesmo o fazemos.”
Segundo a lenda, é o pássaro de canto mais doce e suave que já existiu. Passa a vida procurando uma árvore desfolhada, de galhos cortantes e pontiagudos, não descansando enquanto não a encontra. Nesse instante, cantando entre a ramagem bruta, se autoflagela e produz o mais perfeito poema musical a ser ouvido por todos os cantos da Terra, superando sua própria agonia. Assim, o melhor som é conseguido às custas de profunda dor...