quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Chico Miranda

Nosso amor

Nosso amor nem começa
nem termina, fica assim
cumprindo sina de querer e não querer.
Nosso amor é um conto, uma novela,
amor de bairro e de favela,
primavera que já era,
uma vontade
de sonhar.
Nosso amor vai entrar no carnaval,
fazer mal não fazer mal,
purpurina e não torpor.
Nosso amor estão falando nas calçadas,
nas lanchonetes, nas cantinas,
pelos becos e esquinas.
Nosso amor está nas ruas, está nos rios,
está nos nossos desvarios,
é um compromisso é um complô.
Por isso nosso amor
fica assim cumprindo sina
de querer e não querer.

"Olhos longos e fixos, sombrios... OLHOS DE RESSACA... com uma força que arrastava para dentro."


"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca."
( Dom Casmurro, Machado de Assis, cap. 32 )