sexta-feira, 10 de abril de 2009

Charles Bukowski

Algumas pessoas jamais enlouquecem. Meu Deus, como deve ser horrível a vida delas.




Daniel Galera

No entanto ela me encarava sorrindo, com os mesmos olhos que eu encontrava nas manhãs, um olhar que nos conectava e expressava que éramos parte um do outro. É difícil imaginar sensação de maior conforto e serenidade que esta, que surge da ilusão elaborada de que fazemos parte da vida de uma pessoa a ponto de estarmos verdadeiramente unidos, de tudo estar bem se o outro estiver por perto, se apenas nos for dada a chance de saciar os desejos e interesses um do outro, de tolerar um ao outro quando sacrifícios forem necessários e deixar que todo o resto se foda, se destrua e morra, porque não haverá problema.



Raduan Nassar - Lavoura Arcaica

(...) não se questiona na aresta de um instante o destino dos nossos passos. Bastava que eu soubesse que o instante que passa, passa definitivamente, e foi numa vertigem que me estirei queimando ao lado dela, me joguei inteiro numa só flecha, tinha veneno na ponta desta haste e, embalando nos braços a decisão de não mais adiar a vida, agarrei-lhe a mão num ímpeto ousado.

Você pra mim

Fernanda Abreu

É incrível, a nossa história, sem nenhuma prova concreta.

Só palavras, que voam com o vento

imagens que eu trago na memória

um segredo inviolável

de uma paixão inflamável

mas que nunca, nunca incendeia

nem em noite de lua cheia....

às vezes,

fico dias inteiros, imaginando e pensando em você

e eu fico com tantas saudades

que até parece que eu posso morrer

pode acreditar em mim

você me olha

eu digo sim

mas eu nem sei se sofro assim

o que eu quero é você pra mim.



Mãos atadas

Julieni AndradeCada maldito espaço vazio no tempo perdido
faz de você um quase inatingível objetivo...
traçado inesperadamente pelo querer repentino.
Será assim até que o contrário meu coração sinta.
Essa inundação de espasmos,
relâmpagos nada acanhados...
fez de mim, alma desprotegida,
habitante de corpo febril.
Como pode uma alma desesperada ser acasalada
pelo corpo em chamas sem se desfazer em larvas?
Insólita vivência, onde permeia meu querer, meu não poder...
Enquanto dói, de minuto em minuto, vejo a água dos meus olhos escorrendo.
Sigo vencendo os dias atolados em um oco...
esperando ser preenchido pela presença imaginada do cheiro.
Vago tecendo, nas horas, as esperanças remanescentes da pouca fé que tenho...
almejando encher meus olhos da cor dos seus a olhar-me.
Atravesso meu vácuo estar, contando pérolas da vontade quente...
Mas...
se... por fim, chegar a hora H...
vou entrega-lhe meu sorrir expansivo na bandeja do meu amor abrigo do seu...
andamos, assim, de mãos atadas...
esperanças nada exageradas,
amor imenso, submerso no vago abraço não dado.