Tem gente que entra na nossa vida de forma providencial e se encaixa
naquela história que gosto de imaginar: surpresas que Deus embrulha pra
presente e nos envia no anonimato. Surpresas que só sabemos de onde vêm porque
chegam com o cheiro Dele no papel.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Gregório de Matos
O Amor é finalmente
Um embaraço de pernas
Uma união de barrigas
Um breve temor de artérias.
Uma confusão de bocas
Uma batalha de veias,
Um rebuliço de ancas
Quem diz outra coisa, é besta.
Um embaraço de pernas
Uma união de barrigas
Um breve temor de artérias.
Uma confusão de bocas
Uma batalha de veias,
Um rebuliço de ancas
Quem diz outra coisa, é besta.
Guilherme Antunes
(...)
se são as palavras as memórias do Amor, então escrevo para lembrar do Amor em
mim. Porque a poesia é um carinho no outro, uma gentileza guardada nos olhos do
amante. E se não é o poeta o tradutor de silêncios e a poesia uma coleção de
possíveis, quem sou eu? Sou homem a viver em cada uma das minhas linhas, mesmo
que nelas jamais me encontrem; e me revelo pelo conjunto das minhas palavras,
mesmo que em cada uma delas eu não possa ser revelado; pois vivo num reino que
do meu saber se empresta pra confessar aquilo que ele mesmo é, ainda que em mim
falte o que nele sobra: o infinito. A poesia vive atrás dos olhos, e que
verdadeiramente nos toca quando sabemos ser as letras apenas o seu reflexo.
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