domingo, 20 de março de 2011

Priscila Rôde


Que a chuva que inaugura o meu dia não atrase nem intimide o sol que eu levo dentro do peito. Que a tua ausência consiga enfeitar a minha alegria com esses pedacinhos de ternuras que deixam o abraço tão mais completo. Que a tua carência floresça dentro da minha porque juntos, na mesma distância, regaremos a plantação dos novos milagres. E que o encontro do teu caminho com a minha estrada acabe eterno, mesmo que pelo amanhã não passe. Mesmo que dure só um quase, vamos tecer mais um riso e desabrochar nesse fio de tempo que tem a coragem de um instante.

Capitu - Ná Ozetti

Martha Medeiros

O muro quase branco pede um testemunho grafitado.
A mesa poeirenta pede um poema rabiscado com o dedo.
O carro sujo pede um Vilma ama João no vidro traseiro.
A areia da praia pede um coração desenhado com um pedaço de pau,
mas a onda apaga todas as declarações.
A mangueira limpa as confissões automotivas.
O poema some no perfex da criada
e o grafite é condenado pela prefeitura.
Duram mais os amores silenciados.

Cris Guerra

O meu amor por você é inédito. Novo e maduro – como pode? Penso, sinto e quero você. Hoje, amanhã e na medida sem fim do tempo. Quando estou em silêncio e lembro que você existe eu sinto paz. Suspiro aliviada.
Quero vestir o seu abraço e sair com ele por aí, como um colete à prova de balas. Abraço longo, apertado, quente. Quero mais, me abrace mais. Mais um pouquinho. Vai sempre faltar abraço pra minha sede dele.
Sei que dentro de você moram sorrisos. Alguns você deixa escapar, os outros esconde no escuro, pra eu procurar. E eu gosto do jogo.
Gosto também das suas mãos nas minhas, das suas mãos tomando conta de mim. Não quero viver sem suas mãos por perto. Não sei aprender isso. É que esse meu amor inédito parece que nasceu junto comigo.