segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar...
domingo, 27 de janeiro de 2008
Não se come uma mulher
Não sou adepto de enxergar o mundo como se fosse a primeira vez, muito menos enxergar o mundo como a última vez. Não caio na conversa fiada de estréia e de despedida. Despedir não é terminar - é procurar iniciar de um jeito diferente.
Sou homem do durante. Do meio. Do decorrer. Nada contra quem pensa o contrário, mas é um pouco de soberba inaugurar ou fechar o mundo.
Quando se ama uma mulher, é preciso a safadeza, a vontade sem pudor, o desejo diabólico, a tara. Não se conter, não se represar. A ânsia, a violência e a obsessão são permitidas. Mas tudo será grosseria desacompanhada da pureza.
Pureza é autenticidade. Não fingir, não disfarçar, não dizer o que não está sentindo. Já ouvi muito que sexo não é seguir a cabeça e deixar as coisas aconteceram. Sexo seria não pensar. Não concordo, sexo não é inconseqüência, é conseqüência da gentileza. Conseqüência de ouvir o sussurro, de ser educado com o sussurro e permanecer sussurrando. Perder o pudor, não perder o respeito. Perder a timidez, não perder o cuidado.
Sexo é pensar, como que não? E fazer o corpo entender a pronúncia mais do que compreender a palavra. Como se não houvesse outra chance de ser feliz. Não a derradeira chance, e sim a chance.
Uma mulher está sempre iniciando o seu corpo. Toda a noite é um outro início. Toda a noite é um outro homem ainda que seja o mesmo. Não se transa com uma mulher pela repetição. Seu prazer não está aprendendo a ler. Seu prazer escreve - e nem sempre num idioma conhecido.
Ela pode ficar excitada com uma frase. Não é colocando de repente a mão na coxa. Ela pode ficar excitada com uma música ou com uma expressão do rosto. Não é colocando a mão na sua blusa. Mulher é hesitação, é véspera, é apuro do ouvido.
Antever que aquelas costas evoluem nas mãos como um giz de cera. Reparar que a boca incha com os beijos, que o pescoço não tem linha divisória com os seios, que a cintura é uma escada em espiral.
É comum o homem, ao encontrar sua satisfação, recorrer a uma fórmula. Depois de sucesso na intimidade, acredita que toda mulher terá igual cartografia, igual trepidação. Se mordiscar os mamilos deu certo com uma, lá vai ele tentar de novo no futuro. Se brincou de chamá-la de puta, repete a fantasia interminavelmente. Assim o homem não vê a mulher, vê as mulheres e escurece a nudez junto do quarto.
Amar não é uma regra, e sim onde a regra se quebra.
Não se come uma mulher, ela é que se devora.
Ponham-me a data de 1830, mas a verdade é que esses sentimentos são de natureza eterna, e é inútil situá-los em outras épocas. Não se pode negar o homem.
Felicidade
Oh, que dama fácil, a felicidade!
Mal se acostuma num lugar, ela já sai...
Afaga teu cabelo, cheia de vaidade,
beija-te às pressas, bate as asas e se vai.
Dona infelicidade, ao contrário,
te prende ao coração a ferro e corda.
Para ir embora, diz não ter horário,
senta-se contigo à cama e borda.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Fernando Pessoa
Eu tenho uma espécie de dever, de dever de sonhar.
De sonhar sempre, pois sendo mais do que
um espectador de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis.
Manuel Bandeira
Canção
O peso do mundo é o amor.
Sob o fardo da solidão,
sob o fardo da insatisfação.
O peso.
O peso que carregamos é o amor.
Quem poderia negá-lo?
Em sonhos nos toca o corpo,
em pensamentos constrói um milagre,
na imaginação aflige-se até tornar-se
humano - sai para fora do coração
ardendo de pureza - pois o fardo da vida
é o amor, mas nós carregamos o peso
cansados e assim temos que descansar
nos braços do amor finalmente
temos que descansar nos braços
do amor.
Nenhum descanso sem amor, nenhum sono
sem sonhos de amor - quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos ou por máquinas, o último desejo
é o amor - não pode ser amargo não pode ser negado
não pode ser contigo quando negado: o peso é demasiado - deve dar-se sem nada de volta
assim como o pensamento é dado na solidão
em toda a excelência do seu excesso.
Os corpos quentes brilham juntos na escuridão,
a mão se move para o centro da carne, a pele treme
na felicidade e a alma sobe feliz até o olho - sim, sim,
é isso que eu queria, eu sempre quis, eu sempre quis
voltar ao corpo em que nasci.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Milton Nascimento - Outro Lugar
E vivo porque acredito nesse nosso doido amor.
Não vê que ta errado, tá errado me querer quando convém
E se eu não estou enganado acho que você me ama também.
O dia amanheceu chovendo e a saudade me contem
O céu já tá estrelado e tá cansado de zelar pelo meu bem.
Vem logo que esse trem já tá na hora, tá na hora de partir
E eu já to molhado, to molhado de esperar você aqui.
Amor eu gosto tanto, eu amo, amo tanto o seu olhar.
Andei por esse mundo louco, doido, solto com sede de amar.
Igual a um beija-flor, que beija-flor,de flor em flor eu quis beijar
Por isso não demora que a história passa e pode me levar.
E eu não quero ir, não posso ir pra lado algum enquanto não voltar.
Não quero que isso aqui dentro de mim.
Vá embora e tome outro lugar.
Talvez a vida mude e nossa estrada pode se cruzar.
Amor, meu grande amor, estou sentindo que esta chegando a hora de dormir.
domingo, 13 de janeiro de 2008
sábado, 12 de janeiro de 2008
Trecho do Livro A Máquina
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Definições...
Saudade...
SOU QUANDO DEIXO DE SER
domingo, 6 de janeiro de 2008
sábado, 5 de janeiro de 2008
Mesmo Assim
Mesmo assim,
Permaneço fortalecida...
Olho para trás e assimilo as mudanças como gotas necessárias
Como óleo que queima, mas que também abençoa.
Passei a acreditar que tudo e todos têm um porquê
Mesmo que tentada a duvidar, muitas vezes, dos motivos reais
Meu aparente descrédito é interiorizado de certezas a serem aprendidas.
Agora, passo não mais a duvidar de nada
Nesse momento e daqui pra frente, experiencio porque sei que é preciso
Não porque quero daquela ou desta forma,
Mas, porque acima de mim, existe algo superior
E minha visão, pequena e aparente, é e será conduzida por uma essência muito maior que pensava eu possuir.
Quanta pretensão existia...
Quantas certezas afirmava ter...
Tudo aquilo e o resto foram um dia:
Luzes apagadas, portas fechadas, olhares retirados...
Ao invés do ontem
Procuro, hoje, o que antes não tinha ou não queria.
Valorizo a simplicidade à complexidade
Troco as aparentes felicidades passageiras à intensidade
Busco o amor e toda a sua sabedoria...
Sabedoria do ir e vir das ondas do mar
Sabedoria do canto e da dança dos pássaros
Sabedoria que pra uns passa desapercebida
Mas, que para mim, tornou-se muito mais que necessária.
Essa será a busca pela minha sabedoria:
Acender luzes, abrir portas e sorrir com a alma!
I Love You - Uma bela declaração de amor...
Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? (Fernando Pessoa )
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
O contrário do amor
O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.
O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.
Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.
Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.
Não deixe de acreditar no amor, mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá, manifeste suas idéias e planos, para saber se vocês combinam, e certifique-se de que quando estão juntos aquele abraço vale mais que qualquer palavra...