sexta-feira, 1 de maio de 2009

José Luís Peixoto in Nenhum olhar

Ainda de madrugada, ao acordar, a primeira coisa em que pensava era nela. Quando ia guardar o gado, pensava nela e, às vezes, não lhe conseguia ver o rosto, gastava-se-lhe de tanto a imaginar. Nessas alturas, fechava os olhos com muita força e construía-a peça a peça: lembrava-se dos lábios, do nariz, dos cabelos, dos olhos e depois juntava tudo na idéia. Ao adormecer, pensava nela. Quando a espreitava, sentia o coração rápido nas têmporas.

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