domingo, 1 de novembro de 2009

José Luís Peixoto in Cemitério de pianos

Havia aquele verão noturno. Eu esperava e, num único momento: os passos dela no outro lado do muro, o meu coração perdido dentro de mim, os movimentos dela desenhados no silêncio, eu perdido em mim. E, num único momento: ela, finalmente, o peso do corpo dela a ser muito mais do que apenas peso, ela, a forma do corpo dela a ser muito mais do que apenas forma, finalmente, eu quase a sentir-me chorar, e ela, finalmente, o corpo dela a ser muito mais do que apenas o corpo dela, finalmente, dentro dos meus braços. A sua cabeça tombada sobre o meu ombro. Os seus cabelos a tocarem-me a face.

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