Sou neto das tempestades
que sopram pelos desertos
um destino de saudades.
Com seus nós quase desfeitos
eu trago a garganta aberta
escancarada vazando
uma voz suja de terra
que filtra os dias e as noites.
Na ponta de minha língua
o tempo acaba ou começa?
Brota em mim o som da flauta
brota mais — a flor do sangue —
ao sol que queima sem pena
nesse deserto tão grande.
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