domingo, 20 de março de 2011

Martha Medeiros

O muro quase branco pede um testemunho grafitado.
A mesa poeirenta pede um poema rabiscado com o dedo.
O carro sujo pede um Vilma ama João no vidro traseiro.
A areia da praia pede um coração desenhado com um pedaço de pau,
mas a onda apaga todas as declarações.
A mangueira limpa as confissões automotivas.
O poema some no perfex da criada
e o grafite é condenado pela prefeitura.
Duram mais os amores silenciados.

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