quinta-feira, 21 de abril de 2011

Martha Medeiros


Ter um anjo da guarda é ótimo, mas ser um anjo é roubada. Nada substitui as coisas simples da vida, como pegar jacaré no mar, dar uma mordida numa pêra, tomar uma chuveirada ou receber um beijo na boca. É claro que a mortalidade inclui também ser pego desprevenido por um temporal, perder o emprego, ter o cartão do banco extraviado ou arrancar um siso. Viver é correr riscos, é conhecer a dor e o prazer, a solidão e a paixão. Anjos são imunes a tudo isso. Seu único consolo é que não morrem.
Eu prefiro colidir com um poste a não viver.

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