terça-feira, 24 de maio de 2011

Simon Blackburn


Há sempre pessoas prontas a dizer-nos o que queremos, a explicar-nos como nos vão dar essas coisas e a mostrar-nos no que devemos acreditar. As convicções são contagiosas e é possível convencer as pessoas de praticamente tudo. Geralmente, estamos dispostos a pensar que os nossos hábitos, as nossas convicções, a nossa religião e os nossos políticos são melhores que os delas (...) É por causa de idéias sobre o que os outros são, ou quem somos nós, ou o que os nossos interesses e direitos exigem que fazemos guerras ou oprimimos os outros de consciência tranqüila, ou até aceitamos por vezes sermos oprimidos. Quando estas convicções implicam no sono da razão, o despertar crítico é o antídoto. A reflexão permite-nos recuar, ver que talvez a nossa perspectiva sobre uma dada situação esteja distorcida, ou seja, cega, ou, pelo menos, ver se há argumentos a favor dos nossos hábitos, ou se é tudo meramente subjetivo. Fazer isto bem é pôr em prática mais alguma engenharia conceitual. A reflexão pode ser encarada como uma coisa perigosa, visto que não podemos saber à partida onde nos conduzirá.

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