quarta-feira, 3 de agosto de 2011

André Comte-Sponville


Um amigo meu, quarentão, novamente presa de uma paixão recente, me dizia, falando da sua nova conquista: “Eu a amo por seu mistério.” Respondi: “Você está me explicando que você a ama porque você não a conhece. Dê-se o tempo de conhecê-la…” Viver a dois é isso: dar-se o tempo de conhecer o outro, num grau de intimidade que nenhuma outra experiência permite. E, quando isso traz prazer e alegria, o que há de mais forte, de mais precioso, de mais insubstituível? Aquela que só ama as ilusões que tem sobre mim leva-me ao fingimento e à angústia: o que restará do seu amor quando ela aprender a me conhecer? Já aquela que me ama tal como sou, tal como me conhece de perto e de verdade, me dá o mais perturbador dos presentes: ser amado inteiramente e por ser eu mesmo.

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