domingo, 7 de fevereiro de 2010

José Luís Peixoto

O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
Eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. Era a tua,
a tua voz que dizia as palavras da vida. Era o teu rosto.
Era a tua pele. Antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
Muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.



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