sábado, 2 de outubro de 2010

Milan Kundera in A Insustentável Leveza do Ser


Sabina via Franz passear pelo quarto brandindo bem alto a cadeira, o que lhe parecia ridículo e a enchia de uma estranha tristeza.
Franz pousou a cadeira e sentou, o rosto virado para Sabina.
“Não é que eu goste de ser forte”, disse, “mas de que me servem estes músculos em Genebra? Carrego-os como um enfeite. São as plumas do pavão. Nunca quebrei a cara de ninguém.”
Sabina continuava com suas reflexões melancólicas. E se ela tivesse um homem que lhe desse ordens? Que a dominasse? Quanto ela o suportaria? Nem cinco minutos! Donde concluiu que nenhum homem lhe convinha. Nem forte, nem fraco.
Disse: “E por que você não usa sua força contra mim de vez em quando?”.
 “Porque amar é renunciar à força”, respondeu Franz docemente.

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