quinta-feira, 19 de maio de 2011

Patrícia Antoniete


É esquisito que teu nome sempre me soe uma prece, uma invocação sagrada e solene, que contém em si um segredo místico viajando pelo tempo, como se trouxesse consigo o desejo implícito dessa maneira única com que moves as mãos, com que abres a boca, com que recostas teu corpo, com que deixas o riso fugir pelos olhos. É estranho que teu nome sempre me soe uma promessa e um dom, como se bastasse pronunciá-lo para que a vida abra uma porta secreta, para que se insinue um milagre prestes a ser, eu assim em ti, simplesmente em teu nome.
(...)
A fome das coisas incertas a que me remete tua voz, fome imprecisa e ambulante que ora tenho nas mãos, ora tenho nos olhos, ora pede-me asas, ora crava raízes no chão. A fome vaga do cheiro dos teus cabelos, a fome oca do teu abraço longínquo, essa fome voraz que devoraria o ar que respiras, a fome triste dos lugares vazios que ocupaste. Fome de dias invividos, fome de antes, fome de quando, fome dos ses guardados embaixo da cama.
(...)
Fervilho, e ao te encontrar, transbordo. Saltito e ao te encontrar, vôo. Recito e ao te encontrar, canto. Me alegro e ao te encontrar, rebento. Há em mim a latência da amplidão que encontro sendo mais de mim nas coisas que sabemos, há em mim uma prenhez de infinitos que espera tua chegada para se realizar em nós, há em mim o sonho que nos ensinamos a sonhar e quisemos desde sempre ser. Te espero vestida da nudez das horas, com os braços fecundos dos dias que serão nossos, com a alma em véspera de amor maior
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