A vida nos obriga a fazer
escolhas terríveis, mas parece que agora decidimos que “tudo é bonito se dissermos que é bonito”. Como nos contos de
fadas. Mentira: nossas escolhas são pautadas pelo útil, nossos atos são
calculados, nossos afetos são estratégicos. E a moderna ciência do egoísmo
encontra as fórmulas para fazer isso tudo bonito. E o contrário disso não é a
felicidade, mas a maturidade. Adultos infantis não gostam disso. Preferem ser
avatares de si mesmos num mundo sempre florido. A infantilização do mundo
caminha a passos largos. Todos abraçam sua “mentira
ética” como forma pessoal de marketing de comportamento. Como numa espécie
de “lenda ética sobre si mesmo”,
queremos projetar de nós mesmos uma imagem de doçura que, na calada da noite,
traímos. É nessa mesma calada da noite que acordo e peço a Deus que me faça não
ver os outros apenas como “uso”. Mas
sempre fracasso. Não pensar nas pessoas apenas como objeto de uso é uma
conquista dolorosa, como tirar leite de pedras.
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